A origem do distintivo da Cobra Fumando

Antes da partida para a Itália, os brasileiros incorporados à FEB já usavam no ombro esquerdo de seus uniformes um distintivo bordado sobre sarja verde oliva. A expressão “a cobra vai fumar” se popularizou justamente nessa época, em função da dúvida que os céticos procuravam espalhar sobre a capacidade dos combatentes brasileiros (“é mais fácil uma cobra fumar do que um brasileiro ir para a guerra”). Logo que os primeiros combates começaram a ocorrer com a chegada do 1.o Escalão, o hábito de dizer que “a cobra está fumando” se tornou bastante disseminado.

Desde a travessia para a Itália, um dos “jornais de trincheira” produzidos pelos próprios soldados já havia encontrado inspiração neste dito agora bastante popular, para batizar o periódico que saiu até o fim da guerra. Essa talvez seja a primeira versão do desenho produzida pelos próprios expedicionários da FEB:

 

Ao chegarem à Itália, o distintivo verde em formato de escudo continuou sendo usado por alguns meses. Depois dos primeiros combates na Linha Gótica, o oficial de ligação americano junto à FEB, Major Vernon Walters, sugeriu ao General Mascarenhas de Moraes a adoção de um símbolo que representasse seu espírito combativo, como era a prática comum entre as unidades do Exército Americano, ao qual a FEB estava incorporada. Aquilo que havia aparecido entre a cultura da tropa tornou-se então medida oficial: surgiu a idéia de um distintivo para a divisão que ostentasse uma cobra fumando, já que a expressão já era amplamente usada por todos que combatiam na Itália. A primeira versão do desenho apresentava uma cobra com cigarro, que acabou sendo substituído por um cachimbo nos bordados.

Os oficiais americanos próximos à FEB entraram em contato com os Estúdios Disney, um dos mais populares centros de produção de ilustrações para unidades de combate durante toda a guerra. Foi solicitado que a empresa produzisse uma versão do desenho a partir da expressão corrente entre a tropa. A “cobra fumando americana” não foi usada universalmente nos bordados, mas acabou ilustrando o livreto contando a história da FEB que foi impresso na Itália, logo após o fim da guerra. Nesta época, uma tentativa de padronização dos distintivos foi empreendida pelo comando da divisão, que encomendou insígnias de lata junto a um fabricante da cidade de Milão. Menos apreciadas do que os bordados de pano, milhares dessas cobrinhas de lata foram trazidas ao Brasil, intactas e sem uso.

A seleção abaixo mostra algumas imagens raras de distintivos originais, feitos entre fins de 1944 e até meados de 1945. Os primeiros bordados foram requisitados à indústria artesanal italiana, principalmente localizada na cidade de Florença, que desde antes da guerra já era conhecida pela arte de fazer distintivos à mão para o próprio Exército Italiano. Cinzeiros, braceletes, pingentes, broches de metal e uma enormidade quantidade de souvenires foram produzidos com a temática da cobra fumando e eram oferecidos aos soldados brasileiros pelos comerciantes italianos. O resto da história já entrou para a história!

 

 

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